SÍRLIA LIMA: A EDUCAÇÃO E O CORDEL

CORDÉIS, POESIAS, INFORMAÇÃO E LUDICIDADE

Textos

LEMBRANÇAS DA MINHA INFÂNCIA



Eu lembro com saudades
Da minha infância querida
Vejo logo a minha mãe
Imagem nunca esquecida
Porque ela representa
O melhor em minha vida

Ao visitar as memórias
Da minha doce infância
Eu vejo um filme passar
Dói no peito a distância
Pois a minha mãe já se foi
Ela está em outra estância

Por isso eu resolvi
Ir de volta ao passado
Pra relembrar o tempo
Que para mim foi sagrado
Pois eu tinha minha mãe
Eu não era abandonado

Ao relembrar o trajeto
Que a minha mãe enfrentou
De criar os seus filhos
Pois meu pai se acovardou
Deixando ela sozinha
E por nós ela lutou

Por formação a minha mãe
Era professora
Com a mesma dedicação
Sou a sua sucessora
Vejo nessa profissão
Uma trilha encantadora

Pois herdei dela
O oficio de educar
Seja adulto  ou criança
Eu adoro ensinar
Transmitindo o que eu sei
Aprendendo a partilhar

Eu me lembro os cuidados
Com a nossa educação
Priorizem os estudos
Já nos deu essa lição
Ou então não serás nada
Se não tens educação






Antes de dormir
Sempre eu tinha que rezar
Uma ave Maria
E pedir ao anjo pra guardar
A minha alma e proteger
Quando Deus vier buscar

De manhãzinha eu acordava
Com o cheiro de café
Ainda era bem cedo
E mamãe estava de pé
Orando por todos nós
Era grande a sua fé


Cuidava de nossa higiene
Mandava-nos para o colégio
Sempre bem cuidados
Preguiça é um sacrilégio
Ela nos impulsionava
Estudar é um privilégio



Nesse tempo quase tudo
Comprava-se a granel
Vale à pena relembrar
Aqui nesse cordel
Quando a inspiração chega
Já transcrevo pro papel

Em minha cabeça habitava
Uma única certeza
Eu vou ter sempre a minha
Vislumbrar sua beleza
Ela é o que de mais belo
Eu ganhei da natureza

Eu ficava trancada
Pra mamãe ir trabalhar
Como eu era a mais velha
Dos irmãos ia cuidar
Mas uma coisa eu vivia
Sempre a questionar

Qual seria o motivo
Pro meu pai me abandonar
Só irresponsabilidade
Fez-lhe relegar
Três crianças indefesas
Pelo medo de enfrentar


A minha nos deu exemplo
Eu de luta e de coragem
Mas aqui na terra
Foi curta a sua viagem
Pensei durar pra sempre
Foi curta sua passagem

Mas o filme continua
Em minha mente passando
Lembro-me da minha mãe
Às vezes fico chorando
Mas Deus me dá conforto
E eu vou me consolando


Para cozinhar o feijão
Muitas vezes sem mistura
Vi a mamãe chorar
Já sentindo uma gastura
Às vezes faltava o pão
E sentia amargura




Hoje se vai ao restaurante
Comer carne no espeto
E eu bem pequenina
Ia  cortar graveto
Pois o gás já acabara
Eu não ia ao coreto

Logo encontrei um amor
E vida seguiu o seu curso
Casando-me muito jovem
Preocupação era o discurso
Mas tudo correu bem
Trilharia esse percurso

Casei-me com um grande homem
Dele ganhei muito afeto
E foi no que resultou
Ganhou um monte de neto
Ela ficou feliz
Viu o amor em meu teto

Você pode duvidar
Porque acha isso ruim
Tenho tudo que quero
Pois a vida é assim
Mas uma coisa eu não tenho
A mamãe perto de mim






Quando eu era pequenina
Tinha medo de trovão
Mamãe me acalmava
Pegava-me pela mão
Hoje mamãe já se foi
Ainda dói no coração

Até hoje a notícia
Que mais me entristeceu
Foi saber que a minha mãe
Muito nova adoeceu
Senti um golpe bem forte
Quando a minha mãe morreu

Hoje eu tenho certeza
Que ela está em bom lugar
Mas sinto muitas saudades
Tenho que lhes revelar
Mas Deus está com ela
Isso eu posso afirmar

E para quem tem mamãe
Eu quero aconselhar
Trate bem a sua mãe
Coloque-a num altar
Pois ela é uma santa
Sempre a te abençoar

Dedicatória: A minha querida mãe Lindacy Lima Pinto (in memorian), que foi o anjo enviado por Deus a iluminar a minha vida e dos meus irmãos Sandro, Neilson e Gecionny.















Sírlia Lima
Enviado por Sírlia Lima em 23/01/2010


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